lhabela Celebrou o 24º Dança em Movimento: Uma Celebração da Diversidade Artística e Cultural

Entre os dias 14 e 30 de setembro, Ilhabela foi palco do aguardado 24º Dança em Movimento, um evento que trouxe uma rica programação de espetáculos de dança, circo e artes integradas. O festival, que se consolidou como um dos mais importantes do Litoral Norte, aconteceu em diversos locais da cidade, incluindo o Espaço Cultural Pés no Chão, a Escola Municipal Paulo Renato Costa Souza, a Rua do Meio - Vila e o Centro Cultural Waldemar Belisário.
Foi um evento de grande sucesso, todo mundo está comentando de forma muito positiva. O evento esse ano, foi muito especial, tanto pelas companhias profissionais como os artistas amadores e instituições que se apresentaram e pelo público escolar que tivemos no evento. Foram 16 espetáculos, todos eles com casa cheia, com lotação esgotada em todas as apresentações. O Festival é também uma ação importante de formação de plateia. Levamos espetáculos para escolas municipais e estaduais de ensino médio e trouxemos várias de educação infantil para assistir aos espetáculos aqui no nosso teatro.

Está no DNA do “Dança e Movimento” sempre abrir espaço na programação do evento para a apresentação de coreografias criadas em oficinas culturais realizadas em escolas, organizações sociais, fundações e outras instituições. Ledo engano supor que essa noite é menos nobre. Ver no palco a concretização dos processos, os resultados desses projetos, corpos com alma em cena, plateia cheia - de pessoas das famílias e da comunidade - é sempre uma experiência potente, um combustível para o Pés no Chão seguir em frente, na trilha da difusão cultural que empodera público e elenco. 

Gumboot Dance (dança de botas de borracha)

Originada no século XIX nas minas de ouro e carvão da África do Sul, foi criada por trabalhadores negros que enfrentavam condições de exploração. A dança, que usa batidas nas botas de borracha para criar um dialeto sonoro, transformou-se em um alegre espetáculo percussivo, refletindo os raros momentos de descanso e animação desses trabalhadores.

"Yebo", uma performance que aborda a exploração nas minas e dos povos envolvidos, foi apresentada pelo Grupo Gumboot Dance Brasil, o único grupo do país e um dos poucos no mundo a pesquisar essa dança. Fundado em 2008 por Rubens Oliveira, que se aprofundou na técnica na África do Sul, o grupo tem se apresentado em diversas cidades, ensinando e divulgando a Gumboot Dance.

Cia Las Titis

Duas velhas amigas navegam pelo mundo em uma banheira mágica. Embarcadas em seus próprios sonhos, elas fazem uma pausa para um banho que se transforma em um périplo de coreografias improváveis. Em seus bolsos e em suas memórias, essas excêntricas mulheres carregam pequenos grandes tesouros, que se revelam magicamente. Com classificação livre, é um trabalho delicado e imagético, que une ao mesmo tempo poesia e diversão, numa dramaturgia híbrida entre performance, dança e circo.  

Com linguagem baseada na dança de contato improvisação, na palhaçaria e em artes somáticas terapêuticas, a cia Las Titis pesquisa intersecções entre arte, saúde, amor e humor. Formada por Iris Fiorelli e Mi Chan Tchung, surgiu em 2020 e desenvolve criações cênicas e pedagógicas para crianças, jovens, adultos e idosos. O presente trabalho foi criado a partir da premiação do ProAC - Produção de Espetáculos de Dança e sua estreia aconteceu no 23º Dança e Movimento. 

São Paulo Companhia de Dança

Uma das mais importantes Companhias de Dança do país apresenta no 24º Dança e Movimento duas remontagens clássicas e uma contemporânea de seu repertório. A Grand Pas de Quatre de Pugni tem coreografia de Diego de Paula (2020), inspirado livremente na obra de 1854 de Jules Perrot (1810-1892).
Conduzido pela música de Cesare Pugni (1802-1870), o balé romântico é a essência da obra, que reforça traços da dança feminina com movimentos delicados, suaves e elegantes.

A outra peça clássica é a remontagem do Grand Pas de Deux de Dom Quixote, realizada por Duda Braz em 2012, a partir do original de 1869 de Marius Petipa (1818-1910), que traz a cena apoteótica do casamento entre os personagens principais da obra de Miguel de Cervantes - o barbeiro Basílio e Kitri, a filha do taberneiro.

O programa termina com a apresentação do espetáculo de 2023, inspirado livremente na obra literária "As veias Abertas da América Latina", do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015), e embalado pelas canções da cantora argentina Mercedes Sosa (1935-2009).  Veias Abertas, da coreógrafa Poliane Fogaça, propõe o encontro desses dois grandes artistas que, em comum, contaram as histórias dos povos latino-americanos.  

Criada em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança é dirigida por Inês Bogéa e realiza montagens de excelência artística, que incluem trabalhos dos séculos XIX, XX e XXI de grandes peças clássicas e modernas a obras contemporâneas. É considerada uma das mais importantes companhias de dança da América Latina pela crítica especializada. Desde sua criação, já foi assistida por um público superior a 900 mil pessoas em 18 diferentes países.

Clarin Cia. de Dança

“Da cor de cobre” é uma releitura poética do auto do Bumba-meu-boi. Este trabalho apresenta histórias encantadas sobre alguns dos personagens existentes nesse folguedo. O auto do Bumba-meu-boi visto de um lugar mágico, através de uma brecha entre o mundo real e encantado, no qual Pai Francisco e Catirina podem transitar. Trata-se de uma homenagem a todos os grupos existentes e resistentes da cultura tradicional brasileira. Uma forma de chamar atenção para o folclore nacional e ressignificar essa manifestação popular, que acontece na rua, para usar os elementos técnicos da caixa-preta, a fim de recriar os ambientes mágicos das histórias.

Pela primeira vez no Festival Dança e Movimento, a Clarin Cia. de Dança é a junção de artistas de origens e experiências diferenciadas, como capoeira, breaking, ballet e danças brasileiras, aglutinadas ao redor da ideia de experimentação em dança e cultura popular desde 2013. Foi criada por Kelson Barros com o objetivo de dar continuidade à pesquisa empreendida por ele, com o Núcleo Igi Ara, ainda na graduação em dança em 2009, tendo como foco a significação do gestual apresentado pela dança dos orixás.

Balé da Cidade de São Paulo

É com estas palavras poéticas que a educadora social e ativista Bel Santos-Mayer traduz o espetáculo que uma das maiores companhias de dança do país apresentará no 24o Festival Dança e Movimento: “Corpos desejados como um talismã. Sedução. Ginga. Corpos paridos na respiração da cuíca, no grito agudo da corda que puxa um e que chama outra. Palavras que (im)põem ritmo, movimentam pensamentos e corpos. Corpos de sempre renovados, com outras existências compartilhando a cena. Esparramados ocupam. São da casa. São das ruas. Parecem outros. Renascem ao som de batuques. Movem-se. Movem. Suas vidas “por um fio” se enlaçam no cordão de palavras entoado por uma mais velha. A rima da infância comove; move: “Como poderei viver? Como poderei viver?”. Os corpos se recusam a tombar. Arrastam-se. Envolvem. Curam-se. Resistem. Num balé solitário ensaiam a marcha coletiva. Olhares em chamas ardem ao som da pergunta agônica: “Como poderei viver? Como poderei viver?”. O coreógrafo Allan Falieri, bailarinos e equipe do Balé da Cidade de São Paulo se lançam na busca por respostas. E com crítica, liberdade, saltos, saudações, vibrações, música e poesia. Experimentam. Dançam. E dançam muito.” A direção artística é de Alejandro Ahmed.

Cia Solas de Vento

Com livre adaptação para o teatro de uma das obras literárias mais famosas de Júlio Verne (1828-1905), a Cia Solas de Vento apresenta sua mais nova criação, a peça “20.000 Léguas Submarinas”, sob a direção de Álvaro Assad. 

Um misterioso veículo subaquático. Uma tripulação cheia de segredos. Um monstro assombrando os oceanos. Três tripulantes que acabaram de chegar para dar vida às ideias do Júlio Verne, utilizam técnicas acrobáticas, teatro físico e manipulação de objetos e bonecos. A encenação conta com o uso de recursos de vídeo-projeção para captar e projetar formas e ações criadas ao vivo. Uma transformação constante do espaço cênico convida o público a desbravar um mundo submarino repleto de perigos, emoções e aventuras.


Essa criação completa a trilogia “Viagens Extraordinárias”, ao lado de “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e “Viagem ao Centro da Terra”, que vieram, respectivamente em 2019 e 2022 para o “Dança em Movimento”. 

A companhia foi criada em 2007 na cidade de São Paulo, em parceria entre o francês Bruno Rudolf e o brasileiro Ricardo Rodrigues. Com uma trajetória nacional e internacional, já apresentou seus espetáculos no Japão, Coreia do Sul, China e Alemanha e foi premiada em várias edições da APCA. A Cia Solas de Vento apresentou “A Volta ao Mundo em 80 dias”, na 22a edição do “Dança e Movimento” e “Viagem ao Centro da Terra”, na 23a edição. 

ÓIA O TAMANHO DE MIM

Através do Teatro Lambe-Lambe, que é um estilo teatral genuinamente brasileiro, o projeto desta companhia consiste em levar o teatro de pequeno formato para um espectador por vez, por meio de espetáculos de curta duração (cerca de 4 minutos).

A performance da Companhia é realizada dentro de caixas cênicas reduzidas, instaladas sobre duas bicicletas e operadas por um bonequeiro em cada uma. As duas histórias são contadas a partir do contexto da cultura caiçara.A primeira conta a história de um pescador que enrosca a sua linha no fundo do mar e ao puxá-la se depara com a degradação do meio ambiente causada pelo lixo lançado pela população.

A segunda aborda o universo de uma comunidade caiçara tradicional que vive de forma simples e mantém a tradição da pesca do cerco, mas eles terão uma surpresa que será trazida pela floresta atlântica.

A trilha sonora e a mini-iluminação cênica permitem aos espectadores adentrarem naquela realidade onde muitas surpresas acontecem.
A direção e a iluminação são de Gustavo Guerra, que também é ator bonequeiro ao lado de Dyulie Ben Bolon.

Cia Druw

O espetáculo de Dança Contemporânea, transporta o espectador ao mundo antropofágico da artista brasileira Tarsila do Amaral.  Num roteiro lúdico, que remonta sua trajetória criativa, desde suas primeiras impressões sobre cores e formas, até as origens dos elementos que influenciaram diretamente em sua criação artística, o trabalho mergulha na imaginação viajante de Tarsila, jogando luzes sobre suas memórias de infância: das brincadeiras que recheavam as tardes na fazenda onde vivia em Capivari, no interior de São Paulo, onde corria livremente entre pedras, árvores, cactos e brincava com bonecas feitas de mato, em contraponto com a educação francesa que recebeu de seus pais.

A Companhia tem grande projeção no cenário artístico brasileiro, através de uma intensa atividade de pesquisa, criação e difusão cultural. As principais linguagens utilizadas além da dança, incluem artes plásticas, teatro, música e poesia. A Cia possui uma série de espetáculos criados a partir de grandes artistas plásticos, como Portinari, Van Gogh, Kandinsky e Salvador Dalí. 

A direção geral e artística e a concepção é de Miriam Druwe; roteiro, direção cênica e concepção, de Cristiane Paoli Quito; cenário e figurino, de Marco Lima; desenho de luz, de Marisa Bentivegna; e trilha sonora, de Natália Mallo.

Cia Sabatino Brothers

Com direção de Natalia Presser, atuação de André Sabatino da Cia Sabatino Brothers,  "O Carteiro e a bicicleta acrobática" é o mais novo espetáculo da Cia. Resgata a moda antiga dos carteiros e do envio de cartas.

Com uma bicicleta, muitas encomendas, tons poéticos apoiados pela trilha sonora, o público é surpreendido por manobras, equilíbrios, acrobacias e coreografias na bicicleta. Mais que um meio de transporte, a bike assume uma característica de coadjuvante nesse espetáculo solo.

Com muito trabalho a fazer em meio a cartas que falam, caixas que se acumulam, este carteiro tem que se desdobrar para dar conta do recado. Trata-se de um recorte em um dia da vida de um carteiro que, com sua bicicleta, reinventa o cotidiano transformando-o em poesia, circo e muita nostalgia.

Como o próprio nome do grupo indica, este é um espetáculo de artes integradas – dança, acrobacia e aéreos, com capoeira e com cultura popular. Nessa noite, mais de 90 crianças que frequentam diversas oficinas do Espaço Cultural Pés o Chão vão para o palco. Isso por si já é um acontecimento - mas também por conta da feitoria, do processo todo – desde a ideia artística da arte educadora Juliana Andrade, e do roteiro que ela vai criando com a Luiza Bernardo ao longo dos ensaios, e que depois parte para a criação do cenário e do figurino, criando a maior experiência interessante, que depois migra para a iluminação, para a trilha, para o dia da performance... É todo um fazer artístico em torno de “O mar não está para peixe”. Trata-se de um laboratório sócio-artístico incrível para as crianças e para a comunidade que vai assistir.

O mar não está para peixe

Como o próprio nome do grupo indica, este é um espetáculo de artes integradas – dança, acrobacia e aéreos, com capoeira e com cultura popular. Nessa noite, mais de 90 crianças que frequentam diversas oficinas do Espaço Cultural Pés o Chão vão para o palco. Isso por si já é um acontecimento - mas também por conta da feitoria, do processo todo – desde a ideia artística da arte educadora Juliana Andrade, e do roteiro que ela vai criando com a Luiza Bernardo ao longo dos ensaios, e que depois parte para a criação do cenário e do figurino, criando a maior experiência interessante, que depois migra para a iluminação, para a trilha, para o dia da performance... É todo um fazer artístico em torno de “O mar não está para peixe”. Trata-se de um laboratório sócio-artístico incrível para as crianças e para a comunidade que vai assistir.

Programação Variada e Atraente

A programação deste ano foi diversificada, oferecendo atrações que foram desde clássicos da literatura adaptados para o palco até espetáculos contemporâneos de dança e circo. Alguns dos destaques incluíram:

  • 14/09 - "20.000 Léguas Submarinas" (Cia Solas de Vento): Uma adaptação emocionante da obra de Júlio Verne, que proporcionou uma viagem submarina inesquecível.
  • 16/09 - "O Mar Não Está Pra Peixe" (Artes Integradas Pés no Chão): Um espetáculo que integrou diferentes formas de arte para contar uma história envolvente.
  • 17/09 - "Quixotes" (Circo Navegador): Uma releitura circense da famosa obra de Cervantes, trazendo humor e acrobacias.
  • 18/09 - "Vaiqueuvoo" e "O Carteiro e a Bicicleta Acrobática" (Sabatino Bros): Duas performances acrobáticas que encantaram o público.
  • 19/09 - "Vila Tarsila" (Cia Druw): Um espetáculo inspirado na obra de Tarsila do Amaral, que misturou dança e artes visuais.
  • 22/09 - "Muyrakytã" (Balé da Cidade de São Paulo): Uma apresentação que celebrou a cultura indígena brasileira através da dança.
  • 23/09 - "Grand Pas de Quatre de Pugni", "Grand Pas de Deux de Dom Quixote" e "Veias Abertas" (São Paulo Companhia de Dança): Um trio de performances clássicas e contemporâneas que emocionaram o público.
  • 24/09 - "Da Cor de Cobre" (Clarin Cia de Dança): Um espetáculo de dança contemporânea que explorou a riqueza cultural brasileira.
  • 26/09 - "Titis Tour" (Cia Las Titis): Uma performance divertida e envolvente para todas as idades.
  • 30/09 - "Gumboot Dance Brasil" com o espetáculo "Yebo": Uma celebração vibrante da dança e da música sul-africana.
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