25º Dança e Movimento comemora 25 anos de trajetória na Ilhabela 

Ilhabela foi palco de uma celebração memorável com a realização da 25ª edição do Festival Dança e Movimento. Este evento especial marcou vinte e cinco temporadas de descobertas e envolvimento, consolidando-se como um marco cultural que uniu corpos em passo de estreia e corpos em passo de invento, público e elenco, gente de dentro e de fora da Ilha, com pés no chão e sapatilha, em um espetáculo de circo, tablado e tecido. O festival celebrou sua longa trajetória. Foi um período de alegria, de frio na barriga na coxia, de olhos que brilhavam vendo pequenas e grandes companhias, e de luzes no palco que atravessaram a vida de todos os presentes. A 25ª edição foi celebrada e aproveitada em sua plenitude.

O 25º Dança e Movimento ofereceu 16 atrações gratuitas, com classificação livre, abrangendo uma vasta gama de expressões artísticas. A programação, que ocorreu de 13 a 30 de setembro, foi um verdadeiro mosaico cultural, apresentando Dança Contemporânea, Circo, Teatro, Mágica, Performance, Acrobacia, Balé, Tecido, Brasilidades e Africanidades.

O festival trouxe o que de mais relevante estava acontecendo no mundo da dança e do movimento, das margens locais às universais. A maioria das apresentações ocorreu no Espaço Cultural Pés no Chão, com outras em locais como o Centro Cultural da Vila e a E.M. Paulo Renato Costa Souza, esta última com espetáculos voltados para alunos da Rede Municipal de Ensino de Ilhabela. Não foi necessária a retirada de ingressos, com entrada por ordem de chegada (limite de 186 pessoas no Pés no Chão e cerca de 600 no Centro Cultural da Vila).

O espetáculo autoral “Entre Travas e Amarras” se apresentou na noite de abertura no dia 13 de setembro. A montagem do Grupo de Danças e Acrobacias em Aéreos do Pés no Chão é dirigido por Juliana Andrade. No palco, a dança contemporânea se mistura com as técnicas circenses. O roteiro da peça traçou um paralelo dos tecidos acrobáticos, nos quais os artistas se prenderam e se amarraram, com as relações humanas e os conflituosos sentimentos gerados nos indivíduos. Uma verdadeira dança flutuante que convidou à reflexão sobre os nós que fazemos e desfazemos conosco e em nossas relações com os outros.

A Cia Kawa apresentou no sábado 14 de setembro “Casasa”, um espetáculo contemporâneo de circo para toda a família. Os artistas Mariana Maekawa e André Sabatino levaram o público para um universo onde o absurdo e o inesperado tornam-se comuns. Elementos do cotidiano foram ressignificados, com flores virando malabares e um vaso capaz de dançar. As apresentações circenses colocaram em xeque os conceitos e paradigmas do casal perfeito, mostrando que nem tudo é como nos contos de fada.

A Cia. Sabatino Bros apresentou na noite do domingo 15 de setembro “O Carteiro e a Bicicleta Acrobática” no Espaço Cultural Pés no Chão, e na segunda “O Maior Artista da Terra” para as turmas da E.M. Paulo Renato Costa.

Em “O Carteiro e a Bicicleta Acrobática”, André Sabatino mostrou um carteiro à moda antiga com muito trabalho a fazer em meio a cartas que falam e caixas que se acumulam, transformando o cotidiano em poesia e circo com manobras de tirar o fôlego, música e um clima de nostalgia e humor. 

Já em “O Maior Artista da Terra”, primeiro espetáculo da companhia e grande sucesso de público, os Irmãos Sabatino surpreenderam pela simpatia, carisma, precisão e destreza. Mesclando técnicas de teatro, ginástica olímpica, música e dança por meio de esquetes apresentadas por dois palhaços, cada um com o desejo de ser o maior artista da Terra, o espetáculo desafiou as leis da física e da gravidade, repleto de saltos acrobáticos, reviravoltas e palhaçadas.

Na terça feira 17 de setembro a Cia. Las Titis, Palhaça Carmela, levou o espetáculo “Magavilha” para a E.M Salvador Arena e encantou o público com diversos números de mágicas clássicas, muitos deles que a intérprete, Iris Fiorelli, se lembra de ter visto e se encantado quando era criança. São truques repetidos há muito tempo por palhaços do mundo inteiro, e fazem parte do imaginário mágico de gerações. Com uma classe de humor inocente, a obra respeitou a infância e teve boa aceitação inclusive por crianças bem pequenas. Quase sem palavras, pôde ser apresentado para audiência de qualquer idioma.

A companhia Gumboot Dance Brasil, com sua dança percussiva, apresentou “Elevados” na noite da sexta 20 de setembro: uma reflexão sobre a história e a cultura das comunidades pretas em uma narrativa não-linear. Vindo do futuro para o presente, a produção mostrou o percurso de uma menina negra que decide caminhar por longas distâncias, atravessando mundos, para chegar ao topo da montanha e dançar para os deuses da chuva. O Gumboot, arte de tremer a terra com os pés, é uma técnica de dança popular sul-africana que surgiu entre os trabalhadores das minas de ouro e carvão. Durante o espetáculo, o conceito de elevação foi abordado de diversas maneiras, com destaque para a dimensão espiritual, social, mágica e tecnológica ancestral, explorando a conexão dessas comunidades com a natureza, o sagrado e os ancestrais.

E no sábado 21 de setembro foi a vez da São Paulo Companhia de Dança com as peças “Ver o Ar Ouvir o Verão”, “Pas de Deux de O Corsário” e “Agora”, no Centro Cultural da Vila. A Companhia, que recebeu o Grand Prix de la Critique e foi eleita uma das melhores companhias de dança da Europa na temporada 2018/2019, trouxe para o 25º Dança e Movimento três espetáculos em sequência.

“Ver o Ar e Ouvir o Verão”, de Eduardo Fukushima, foi uma tentativa de coreografar o ar, explorando práticas corporais chinesas e japonesas.

O “Pas de Deux de O Corsário”, remontagem de 2015 do original de 1858 de Marius Petipa, apresentou o virtuosismo técnico dos intérpretes. Por fim, “Agora”, de Cassi Abranches, explorou a palavra tempo em seus múltiplos significados (musical, cronológico, temperatura), com movimentos esculpidos nos corpos dos bailarinos a partir de ritmos musicais de Sebastian Piracés, que misturou bateria, percussão afro-brasileira, rock contemporâneo e canto. Esta obra recebeu o Prêmio APCA de Melhor Coreografia de 2019.

Estreante no festival, a trupe do estado de Goiás, Giro 8 Cia de Dança, apresentou "Cerrado Mundo Mágico", no domingo 22 de setembro na Vila. Um espetáculo de dança contemporânea com teatro para crianças. A obra abordou questões relacionadas ao meio ambiente e à diversidade biológica do Cerrado de forma divertida, dinâmica, criativa e com conteúdo pedagógico, formando a consciência do espectador sobre o compromisso com a preservação do bioma. Em um cenário lúdico e imaginário, ambientado com projeções de vídeo, a obra se desenvolveu a partir da perspectiva de apresentar o cerrado e seus animais em meio à luta pela sobrevivência causada pelas queimadas, trazendo uma reflexão sobre o cuidado com o meio ambiente.

O espetáculo “As aventuras de José Pé”, dos artistas Josefina Siro, Mauricio Jara e Kiko Cardial, foi apresentado para as escolas da rede pública na terça feira 24 de setembro no palco do Pés no Chão. Conta uma divertida história que fala sobre um amor que transcende a paixão. José Pé, um trabalhador de base, simpático e despreocupado, maravilha-se por Manoela, uma mão artista talentosa e sensível. Atormentados pelas maldades de um mensageiro criminoso, superam os desafios de uma relação afetiva que parecia impossível. Diferentes partes do corpo da artista, caracterizadas, se revezam entre as cenas, criando um excêntrico mundo com o pé, a mão e o joelho. O piano ao vivo e o narrador conduzem o espetáculo relatando uma história de amor nada convencional.

Na quarta 25 e sábado 28 de setembro as Escolas e Instituções locais subiram ao palco do Pés no Chão. O Dança e Movimento tem a tradição de abrir espaço na programação do evento para apresentações criadas em oficinas culturais realizadas em escolas, organizações sociais, fundações e outras instituições. Este espaço aberto é uma grande força mobilizadora do evento. 

O espetáculo “Crescer para?” da Cia Sintonia Corpo e Arte foi apresentado no 26 de setembro no Espaço Cultural Pés no Chão. A peça representa as vivências da fase que transita entre a infância e a adolescência. A través de movimentos, sensações e inquietações o espetáculo levou ao publico mergulhar em emoções e conexões, uma combustão de sentimentos e histórias reais que ressoou em todos os presentes. 

Na noite do 27 de setembro teve lugar o espetáculo “A Volta ao Mundo em 80 Dias” da Cia Solas de Vento no Pés no Chão. Uma livre adaptação de uma das obras literárias mais famosas de Júlio Verne (1828-1905), sob a direção de Carla Candiotto. Essa criação completa a trilogia montada pela companhia ao lado dos espetáculos “Viagem ao Centro da Terra” e “20 mil léguas submarinas”. 

Encerrando o 25º Dança e Movimento, a Trupe do Mar apresentou "Sobre as Ondas" no palco do Pés no Chão. Foi um espetáculo de circo teatro onde os artistas deram vida e voz a alguns animais da costa da Mata Atlântica. A obra abordou a preservação ambiental de maneira lúdica, crítica e divertida. A história se desenrolou com a trupe sendo surpreendida por uma tempestade e o palhaço Hermiton acordando em uma "Ilha Picadeiro" aparentemente deserta, fazendo novos amigos e contando as aventuras e perigos do mar com manobras aéreas, giros radicais e mergulhos surpreendentes.

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